segunda-feira, 13 de abril de 2009

Espaço urbano como meio criativo

A obra de Cortázar sempre está cheia de recortes e conexões expostas de séries culturais tão distintas como o folhetim, a literatura, o jogo. E, como bem sabia o autor, não há lugar mais privilegiado para vivenciar intensamente estes encontros que o espaço urbano. O ato de caminhar inclui o tempo como elemento que permite estas junções constantes. É possível compreender o espaço urbano como um meio altamente complexo, que inclui em si outros meios e exige do transeunte uma reorganização constante do aparato cognitivo. As mensagens fragmentadas que aparecem ali não são exatamente superficiais porque dada sua intensidade, imediatamente se conectam a outros fragmentos. Uma produção residual constante que se recodifica em novos sistemas.

David Tomas (Esthétique des arts médiatiques, ed. Louise Poissant. Québec: Presses del’Université du Québec, 2003) analisa as relações entre sistemas de comunicação e transporte, algo que segundo ele foi proposto por Vertov em Um homem e uma câmera, mas que atualmente com a segmentação das tecnologias e sua reorganização sob linhas históricas paralelas tende a se perder. Como exemplo ele cita a visão inédita que o viajante começou a ter quando se construiu a primeira locomotiva, ao ver a paisagem em velocidade enquadrada pela janela, a vibração do vagão (que causava distintas impressões tanto para quem viaja dentro do trem quanto para quem o via de fora), algo que se conecta diretamente com uma invenção da mesma época: a fotografia (e, logo depois, o cinema).




E uma análise mais específica sobre os muros de lambe-lambe na cidade de Paris:



del.icio.us

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