terça-feira, 29 de setembro de 2009

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Raquel

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segunda-feira, 13 de abril de 2009

Biomedia - algumas reflexões

Segundo Flusser, possuímos uma memória genética e cultural e existe no homem uma constante busca de transmissão e principalmente preservação dessas memórias, o que contraria como se sabe a tendência a entropia (segunda lei da termodinâmica que fala da tendência dos corpos em dispersarem energia). Desse modo, os seres vivos vivem constante relação, mas culturalmente também em oposição à natureza física ou mesmo biológica. Desse modo, o homem pode ser considerado antibiológico e esse paradoxo é tema de constantes discussões.

Até então a memória genética interferia diretamente na cultural, mas o oposto não era necessariamente verdadeiro; vislumbra-se com a biotecnologia uma possibilidade de alteração dessa relação, onde a cultura pode vir a interferir no genético/biológico; isso coloca questões artísticas em novos campos. Ainda segundo Flusser, a memória genética é durável mas pouco confiável (sujeita a mutações e evoluções, o que não deixa de ser uma forma de abertura do código de informação); a memória cultural é pouco durável e pouco confiável, isto é, sujeita a esquecimento e deformação. Nisso as novas tecnologias podem representar um passo decisivo em direção ao desenvolvimento de suportes mais duráveis e mais confiáveis. Dentro dessa idéia podemos adicionar o pensamento de Stelarc quando ele diz que o corpo é obsoleto:
“ É hora de questionarmos se um corpo bípede que respira com visão binocular e um cérebro de 1400 cc é uma forma biológica adequada (...) não se trata mais de uma questão de perpetuar a espécie humana por meio da reprodução, mas de melhorar o indivíduo por meio de seu redesenho. Só após a tomada de consciência de sua obsolescência permitirá a estruturação de estratégias pós-evolutivas.” (tradução livre a partir do original em “prostetics, robotics, remote existence: postevolutionnary strategies” In: Leonardo, vol.24, n.5, 1991)

Para Stelarc, a arte passa a ser o principio básico da evolução. Dessa forma, imediatamente se coloca a pergunta sobre o que se quer dizer com arte atualmente – Stelarc coloca em discussão o futuro da arte ao colocar a “arte como o futuro.”

Fragmento da apresentação de Stelarc no evento Mutamorphosis em Praga, 2007




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Espaço urbano como meio criativo

A obra de Cortázar sempre está cheia de recortes e conexões expostas de séries culturais tão distintas como o folhetim, a literatura, o jogo. E, como bem sabia o autor, não há lugar mais privilegiado para vivenciar intensamente estes encontros que o espaço urbano. O ato de caminhar inclui o tempo como elemento que permite estas junções constantes. É possível compreender o espaço urbano como um meio altamente complexo, que inclui em si outros meios e exige do transeunte uma reorganização constante do aparato cognitivo. As mensagens fragmentadas que aparecem ali não são exatamente superficiais porque dada sua intensidade, imediatamente se conectam a outros fragmentos. Uma produção residual constante que se recodifica em novos sistemas.

David Tomas (Esthétique des arts médiatiques, ed. Louise Poissant. Québec: Presses del’Université du Québec, 2003) analisa as relações entre sistemas de comunicação e transporte, algo que segundo ele foi proposto por Vertov em Um homem e uma câmera, mas que atualmente com a segmentação das tecnologias e sua reorganização sob linhas históricas paralelas tende a se perder. Como exemplo ele cita a visão inédita que o viajante começou a ter quando se construiu a primeira locomotiva, ao ver a paisagem em velocidade enquadrada pela janela, a vibração do vagão (que causava distintas impressões tanto para quem viaja dentro do trem quanto para quem o via de fora), algo que se conecta diretamente com uma invenção da mesma época: a fotografia (e, logo depois, o cinema).




E uma análise mais específica sobre os muros de lambe-lambe na cidade de Paris:



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domingo, 12 de abril de 2009

Obras em ferrofluid de Sachiko Kodama

As séries de obras da artista japonesa Sachiko Kodama , desenvolvidas com ferrofluid (um tipo de material líquido com nanopartículas metálicas desenvolvido originalmente pela NASA) e um campo eletromagnético organizado em distintas estruturas, são projetos exemplares dos limites pouco definidos do que se pode chamar de arte, ciência e tecnologia, tendo sido selecionadas por exposições de arte contemporânea e digital e classificadas de esculturas fluídas, arquitetura líquida ou 4D (que incluiria o fator tempo) e que podem também interagir com um banco de dados sonoro no caso de Morpho Towers:





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sábado, 11 de abril de 2009

Alejo Carpentier e o conceito de mestiçagem

Confundir o acesso aos suportes de tecnologia de ponta com a capacidade de criação nos meios digitais pode levar a uma análise equivocada das possibilidades e caminhos abertos em distintos contextos socioeconômicos e geográficos, opondo as noções de "centro" e "periferia", de "cultura erudita" e "cultura popular" que não dão conta das relações que ocorrem atualmente no âmbito da comunicação e arte nos meios digitais.
O escritor Alejo Carpentier em entrevista para a TVE nos fala do conceito de mestiçagem usando exemplos na arquitetura e literatura e relacionando a história da civilização com a idéia de cruzamentos e convergências (não sem conflitos) que são responsáveis pela geração de uma cultura complexa que permite compreender o contexto dos meios digitais de modo mais amplo.

Parte da entrevista pode ser vista aqui:


O download da entrevista completa (1h30min de duração) pode ser feito através do blog Apirronarse.

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